Nelson Marques Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN) e Associação Cultural Cineclube Natal e-mail: [email protected] Um tema de interesse permanente para mim, fora os gêneros que gosto mais (como ficção científica, ficção histórica e dramas históricos), ou menos (como terror, seja ele explícito, ou não), é o da inversão dos papéis, ou seja, atores e atrizes que passam para o outro lado da câmera, como diretores, roteiristas, ou ambos. Nessa seara há muitos exemplos de “transformação” bem sucedida, algumas vezes, e outras nem tanto, seja para atores, seja para atrizes. Apenas como uma pequena lembrança, pois há muitos e muitos exemplos, gostaria de citar os trabalhos de, entre as atrizes, Angelina Jolie (A Place In Time, doc. de 2007, Na Terra do Amor e do Ódio, Invencível, 2014, À Beira Mar, 2015, roteiro e direção, Primeiro Mataram Meu Pai, 2017, roteiro e direção também); Greta Gerwig (Nights and Weekends, roteiro e direção, Lady Bird – A Hora de Voar, 2015, Adoráveis Mulheres, roteiro e direção, 2019); Jodie Foster (Mentes Que Brilham, 1991, Feriado em Família, 1995, Um Novo Despertar, 2011, Jogo do Dinheiro, 2016); Julie Delpy (Looking for Jimmy, 2002, 2 Dias em Paris, 2007, roteiro e direção, A Condessa, 2009, O Verão de Skylab, 2011, 2 Dias em Nova York, 2012, Lolo: O Filho da Minha Namorada, 2015 e My Zoe, 2019); Barbra Streisand (Yentl, 1983, O Príncipe das Marés, 1991, O Espelho Tem Duas Faces, 1996); Olivia Wilde (Don´t Worry Darling, 2019). No lado dos atores, obviamente, há muito mais representantes: Al Pacino (Ricardo III – Um Ensaio, 1996, Chinese Coffee, 2000, Salomé, 2013); Ben Affleck (Medo da Verdade, 2007, Atração Perigosa, 2010, Argo, 2012, A Lei da Noite, 2016); Bradley Cooper (Nasce uma Estrela, 2018 – já contada em produções de 1937, 1954 e 1976, Maestro, 2021); Clint Eastwood (ator em 72 filmes e diretor de 45, Perversa Paixão, 1971, Os Imperdoáveis, 1992, Menina de Ouro, 2004, A Mula, 2018); Denzel Washington (Voltando a Viver, 2002, O Grande Debate, 2007, Um Limite Entre Nós, 2016); George Clooney (Confissões de uma Mente Perigosa, 2002, Boa Noite e Boa Sorte, 2005, O Amor Não Tem Regras, 2008, Tudo Pelo Poder, 2011, O Céu da Meia Noite, 2020); John Krasinski (Brief Interviews with Hideous Men, 2009, A Família Hollar, 2016, Um Lugar Silencioso, 2018, roteiro e direção); Kenneth Branagh (ator em 73 títulos e diretor de 23 filmes, Hamlet, 1996, Thor, 2011, Operação Sombra: Jack Ryan, 2014, Cinderela, 2015, Assassinato no Expresso Oriente, 2017); Matheus Nachtergaele (A Festa da Menina Morta, 2008); Mel Gibson (ator em 70 filmes e diretor de 8, O Homem sem Face, 1993, Coração Valente, 1995, A Paixão de Cristo, 2004, Apocalypto, 2006, Até o Último Homem, 2016); Paul Dano (Vida Selvagem, 2018); Selton Mello (Feliz Natal, 2008, O Palhaço, 2011); Tom Hanks (The Wonders: O Sonho Não Acabou, 1996, Larry Crowne: O Amor Está de Volta (Larry Crowne), 2011; Woody Allen (ator em 48 filmes e diretor de 55, Um Assaltante Bem Trapalhão, 1969, Zelig, 1983, Poderosa Afrodite, 1995, Tudo Pode Dar Certo, 2009, Café Society, 2016, Um Dia de Chuva em Nova York, 2019) . Escolhemos Tom Hanks para fazer nosso comentário sobre atores/diretores por uma razão curiosa, pelo menos até o momento. O seu filme de estreia, The Wonders: O Sonho Não Acabou (That Thing You Do), 1996, fez muito sucesso à época e mesmo depois permaneceu como uma referência positiva. É um filme criativo, alegre, bem escrito e bem dirigido por ele. Tem uma boa história, mesmo que simples, bons personagens, boa trilha musical, incluindo a música que dá título ao filme, e que foi indicada ao Oscar. Já o seu segundo filme, Larry Crowne – O Amor Está de Volta, de 2011, que estamos comentando aqui tem trazido muita controvérsia. Tinha tudo para dar certo, Tom Hanks e Julia Roberts, como interpretes principais, um tom de comédia romântica, que ambos estão acostumados, produção, direção e roteiro de Tom Hanks, mas... algo não funcionou bem. Larry Crowne, um veterano de meia-idade da Marinha é demitido de seu emprego em uma grande loja devido à falta de educação universitária, apesar de sua antiguidade e trabalho exemplar. Tenta obter novo emprego, mas sem sucesso. Matricula-se em uma instituição e substitui seu carro por uma econômica “scooter”, adquirida com seu vizinho, Lamar. Passa a trabalhar de cozinheiro no restaurante do amigo Frank, veterano como ele da Marinha dos Estados Unidos. Endividado com a hipoteca de sua casa, muda-se de lá. Envolve-se com sua professora de oratória, Sra. Tainot, desmotivada com sua profissão e vivendo problemas conjugais com seu marido desempregado. É uma história mais do que simples e se não deu certo, é porque faltou mais criatividade, mais empenho, mesmo que Hanks tente dar umas pinceladas de crítica social ao longo da história. É uma pena, pois nem Hanks e nem Júlia Roberts conseguem conquistar o espectador. Com esse resultado, Hanks vai ficar devendo um terceiro filme como diretor para “desempatar” a contenda...
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AutoresGianfranco Marchi Histórico
Fevereiro 2022
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