Nelson Marques Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN) e Associação Cultural Cineclube Natal e-mail: [email protected] A minissérie Inside Man, produção de 2022, estreou recentemente no catálogo da Netflix. É um drama, misturado com suspense e trama policial. Na trama, Jefferson Grieff (Stanley Tucci) é um prisioneiro no corredor da morte. Enquanto espera, o condenado resolve mistérios difíceis de serem solucionados. É quando ele resolver ajudar uma jornalista britânica a procurar uma amiga desaparecida. A série foi produzida pela BBC (British Broadcasting Corporation), a TV pública estatal britânica associada a produções de alta qualidade. Como exemplos, o premiado filme Ataque dos Cães e a série premiadíssima Doctor Who. A minissérie conta ainda, além de Tucci, com David Tennant, Lydia West, Dolly Wells, Lyndsey Marshal, Louis Oliver e Atkins Estimond. A direção é de Paul McGuigan. O roteiro é de Steven Moffat (o responsável por apresentar os personagens clássicos de Arthur Conan Doyle aos novos tempos na moderna série Sherlock (2010–2017), com Benedict Cumberbatch e Martin Freeman). Inside Man conta com quatro episódios na sua primeira temporada, todos com cerca de 60 minutos cada um. O que dois assassinos condenados no corredor da morte, uma jornalista, um pedófilo, uma professora particular de matemática, um vigário e seu filho adolescente têm em comum? Aparentemente, nada! Mas, por um acaso infeliz do destino e pelo desenrolar de situações equivocadas e desentendimentos, todas essas pessoas acabam se interligando de uma maneira cada vez mais complicada. A minissérie Inside Man é muito boa e merece uma chance por quem gosta de um suspense incisivo, com uma história cheia de percalços para os personagens e algumas surpresas. Na trama, um assassino confesso detido numa prisão nos EUA, condenado à pena de morte, aguarda na cela seu dia fatal enquanto resolve pequenos casos com sua astúcia e inteligência. Do outro lado do Atlântico, na Inglaterra, um vigário de uma pequena cidade é levado a cometer um ato criminoso para proteger sua família. Essas duas histórias serão contadas em paralelo e entrelaçadas, com resultados inesperados. A narração das histórias de todas essas pessoas que, aparentemente sem conexão alguma, acabam se cruzando e se juntando pouco a pouco como um quebra-cabeça – fazendo, assim, uma análise de uma ideia distorcida sobre justiça e moralidade. Obviamente, como toda minissérie há pontos questionáveis. O ponto negativo principal, a meu ver, é que algumas soluções para resolução dos casos apresentados ao longo da trama se mostram um tanto artificiais, mas isso não atrapalha o prazer de assistir a um bom entretenimento. De outro lado a produção tem uma temporada curta, com um total de episódios reduzidos pela metade – se comparado com outras minisséries, que costumam ter o dobro de episódios –, mas ganha destaque com suas performances impecáveis e temas pesados, contados a partir de um enredo simples, porém bastante intrigante e tenso. Com apenas quatro episódios, a narrativa não perde tempo: já logo no começo do primeiro episódio, todos os elementos narrativos são apresentados e estabelecidos com a mecânica da trama geral.
A atuação de Stanley Tucci está brilhante e surpreendente. Tucci é um dos atores mais talentosos que existem e, em “Inside Man”, ele entrega uma performance completamente envolvente com um personagem complexo, frio, calculista e intrigante. É um papel que poderia ter sido interpretado por qualquer outro ator, mas, definitivamente, se encaixou muito bem com Tucci. De forma carismática e cativante, o ator convence bastante, funcionando como uma mistura elegante de Sherlock Holmes com Hannibal Lecter, que, com uma inteligência extraordinária, faz grandes deduções e se mostra como um excelente profissional da criminologia. Os argumentos sobre moralidade e justiça através dos pontos de vista de Grieff e do vigário Harry certamente trouxeram um lado intelectual ao seriado. Apesar de ser um thriller de mistério, o maior destaque de “Inside Man” é a questão de valor moral e de senso de justiça, que podem ser facilmente distorcidos e, assim, levando pessoas a cometerem crimes. A produção entrega esses dois elementos narrativos de uma forma não muito perceptível logo no começo da série, mas, sim, à medida que a narrativa se desenrola e se tornando cada vez mais definida ao longo dos episódios – o que é muito benéfico para a série em geral. Com isso, a série em tela apresenta uma premissa intrigante e atuações excelentes.
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AutoresGianfranco Marchi Histórico
Fevereiro 2022
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