Nelson Marques Cineclube Natal e ACCiRN – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte e-mail: [email protected] Você que assistiu e gostou do filme argentino O Segredo dos Seus Olhos, de 2009, com a direção competente de Juan José Campanella, baseado no livro de Eduardo Sacheri, com Ricardo Darin e Soledad Villamis, e que ganhou o Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro, imaginaria que apenas 4 anos depois alguém se "atreveria" a recontar a história? Pois é, Billy Ray resolveu fazer isso nos trazendo o seu próprio olhar da história. O resultado é este Olhos da Justiça que não é muito diferente do original. A história, agora ancorada num passado de 2002, obviamente se passa num EUA, já com a paranoia pós atentado às Torres Gêmeas ocorrido em 11 de setembro de 2001. A trama começa quando a filha da agente anti-terrorista Jess (um bom papel de Júlia Roberts) é encontrada assassinada em um container de lixo. Seu melhor amigo, Ray (papel de Chiwetel Ejiofor, numa atuação em páreo duro com a de Julia Roberts) fica obcecado pelo caso e pelo desejo de encontrar justiça para a companheira, mesmo depois de 13 anos de investigação sem resultados. Se o filme original carregava nas tintas (latinas obviamente) com uma esposa assassinada (ao invés da filha deste) num thriller com um romance forte e um excepcional plano sequência no estádio de futebol, este é mais frio. Da ditadura argentina, passamos para a questão do terrorismo e antiterrorismo pós 11 de setembro nas cenas. Billy, o diretor, troca o futebol pelo beisebol (afinal de contas o filme é americano) sem mostrar muito arrojo na direção e na criatividade. Mesmo o plot do romance, no filme de Billy, entre Ray e Chloe (papel um tanto apagado de Nicole Kidman) perde a força do original. Pelo menos Chiwetel se ombreia, na atuação, com a extraordinária atuação de Ricardo Darin em O Segredo dos Seus Olhos. Por outro lado, Kidman apagada permite a Julia Roberts uma de suas mais expressivas atuações ao transmitir a dor da perda de sua filha, transformada em fúria e dedicação de uma mãe em luto.
No geral, não há diferenças muito significativas com relação ao filme original, sendo apenas um thriller policial razoável. Olhos da Justiça é uma refilmagem que não precisaria existir já que o filme argentino não é apenas um thriller, mas um filme, no todo, excepcional. Ou seja, essa, ou qualquer outra refilmagem precisa atingir um nível muito alto para se destacar na comparação.
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AutoresGianfranco Marchi Histórico
Fevereiro 2022
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