Nelson Marques Cineclube Natal e ACCiRN – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte e-mail: [email protected] O tema TEMPO sempre foi de meu interesse pessoal. Profissionalmente, trabalhei durante muitos anos com o tempo biológico ao eleger como objeto de pesquisa e estudos a cronobiologia, a organização temporal da matéria viva, expressa na forma de ritmos biológicos. Em minha juventude, o mesmo tema sempre me interessou, fosse em livros, filmes de ficção científica, utopias e distopias, os loops temporais e as viagens no tempo. Lembro como bons momentos de diversão e de reflexão alguns filmes e séries que vi há tempos mais pretéritos, ou mais recentes, como as várias edições da franquia O Exterminador do Futuro (iniciada por James Cameron em 1984), O Vingador do Futuro (de Paul Verhoeven, 1990), De Volta para o Futuro (de Robert Zemeckis, 1985), Feitiço do Tempo (de Harold Ramis, 1993), El ministério del tiempo (uma série criada por Javier e Pablo Olivares, 2015), Outlander (criação de Ronald D. Moore, 2014). Mais recentemente, tenho feito críticas a filmes e séries que tratam principalmente das viagens no tempo e/ou os loops temporais como Durante a Tormenta (de Paulo Oriol, 2018), Boneca Russa (criação de Leslye Heddland, Natasha Lyonne e Amy Poehler, 2019) e agora a série Travelers, da Netflix. Travelers é uma série de ficção científica de 2016 feita em co-produção entre Canadá e EUA, dos canais Showcase e Netflix, respectivamente. Já está na sua terceira temporada, totalizando 34 episódios de, em média, 45 minutos. A série foi criada por Brad Wright e conta com as participações de Eric McCormack (ele é o viajante Grant McLaren, o número 0115), que também é o produtor da série, Mackenzie Porter (Maray Warton, o 3569), que trabalhou na série Hell on Wheels, de 2011, Jared Abrahamson (Trevor Holden, o 0115) da série Awkward, de 2011 também, Nesta Cooper (Carly Shannon, o 3465) da série Heroes Reborn, de 2015, Reilly Dolman (Philip Pearson, o 3326), que atuou em Percy Jackson e o Ladrão de Raios, de 2010, Patrick Gilmore (David Mailer), de O Segredo da Cabana, Leah Cairns (Kathryn McLaren, a esposa de McLaren), que trabalhou nos filmes Interestelar, Battlestar Galáctica e na série Supernatural. A música-tema é de Adam Lastiwka. Brad Wright é conhecido como o produtor executivo e criador da franquia Stargate (Stargate SG-1, de 1997, Stargate Atlantis, de 2004 e Stargate Universe, de 2009) com um talento especial para criar séries futuristas. A história de Travelers se passa num futuro bem distante onde os últimos humanos sobreviventes descobrem uma forma original de viajar no tempo, de volta ao século XXI. Esses viajantes conseguem enviar suas consciências para o passado e trabalham em segredo realizando missões para garantir um futuro melhor da raça humana. Nessas ações, os agentes do futuro, armados apenas com seu conhecimento da História e dos perfis da mídia social de seus alvos, devem fazer mudanças pontuais na linha do tempo para impedir a existência desse futuro calamitoso de destruição maciça e de colapso social.
Os agentes treinados (e cada um deles com formação e habilidades especiais) são enviados e assumem, cada um, o corpo físico de uma pessoa para o qual já era conhecido o local e o horário da morte. Esse método servia para amenizar, ao máximo, a possível interferência na linha temporal no presente, visto que a pessoa não mais existiria naturalmente. Porém, eles ainda precisariam viver o restante de suas vidas segundo a realidade de seu hospedeiro. Todas as missões eram orientadas pelo Diretor (uma inteligência artificial superior do futuro) e deviam ser cumpridas segundo as regras exatas de cada protocolo para proteger o cronograma proposto. A série Travelers, apesar de pouco badalada, foi (e tem sido desde a sua estréia) uma das boas tramas de ficção cientifica atuais. É inteligente, instigante, com uma história bem elaborada. O roteiro é original e envolvente. As atuações dos atores e atrizes são muito boas e convincentes. Quem gosta de drama, suspense, ação e ficção científica, aproveite o confinamento e assista na Netflix. A primeira temporada é muito boa e envolvente, a segunda nem tanto, é mediana e confusa, mas tudo melhora bastante na terceira, com um final surpreendente traçando um possível caminho para uma quarta temporada, que até o momento não se sabe se existirá.
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AutoresGianfranco Marchi Histórico
Fevereiro 2022
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